quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Mandou mal, Metrô!


O Metrô do Rio de Janeiro deu um tiro n’água. Com a proposta de melhorar o serviço prestado aos usuários da linha 2, realizou uma obra gigantesca criando um novo trajeto que joga na linha 1 as composições oriundas da linha 2. Os motivos eram claros: diminuir o tempo de viagem e evitar a baldeação - sempre tumultuada nos horários de rush – na estação do Estácio.

Mas havia um outro motivo: reconquistar os passageiros da Tijuca que deixaram de utilizar o serviço, nesses horários, devido à superlotação dos carros no trecho entre Cinelândia e Estácio. No final das contas, o objetivo é um só: aumentar o número de passageiros. Tanto da Tijuca e adjacências, quanto dos bairros atendidos pela linha 2, atraídos pelo suposto conforto proporcionado pelo fim da transferência.

Adicione-se a isso tudo, a inauguração de uma nova estação: Ipanema. Ou seja, mais passageiros. Mas o que era ruim, ficou pior. Muito pior!

Ora! Se o problema com o número de passageiros anterior já era a superlotação, imagine agora com muito mais passageiros e com composições alternadas para a Tijuca e Linha 2. A conta é simples (para quem deseja ir para um dos dois destinos): se antes o intervalo entre as composições era de 4 minutos (em média), passou a ser de 8, devido à alternância dos destinos. Resultado: mais gente nas plataformas por mais tempo.

Além disso, transferiram, mesmo que implicitamente, o problema da baldeação que era centralizado no Estácio – que, pelo menos, possui 2 plataformas distintas – para outras estações que não tem estrutura para absorver tal movimento. Botafogo está fadada ao caos, já que as composições provenientes da linha 2 só farão serviço até lá. Resumindo, virou a “nova estação de transferência” sem ter estrutura para isso.

Como a operação ficou extremamente confusa, pois não há simetria nem lógica simples no fluxo dos trens, o controle precisa ser maior, portanto mais caro.

E para chegar nisso tudo, fizeram uma obra com cara de improviso – de gosto estético duvidoso – gastando dinheiro e tempo, estreitando a Radial Oeste, uma das maiores vias de escape para a Zona Norte do Rio, que já não dava vazão nos horários de pico.

O mais estranho disso tudo, é que estamos falando de coisas previsíveis. Não era difícil imaginar o resultado.

No final das contas, tudo o que precisávamos era de mais carros nas duas linhas, diminuindo o intervalo entre as composições. Só isso bastava! Não precisávamos de uma mega obra de engenharia. Com o tempo e o dinheiro gastos, certamente daria para comprar novos trens.

E com o nó operacional dado, fica muito complexo acrescentar carros às linhas, sem por em risco a segurança dos usuários.

Será que os “projetistas” dessa façanha foram tão ingenuamente míopes, incompetentes, ou teriam outros interesses ocultos? Fica difícil acreditar que eles tinham a real intenção acertar. Muito difícil, não acham?