domingo, 22 de novembro de 2009

Eventos cariocas???


Nos últimos tempos venho observando como os eventos organizados e apresentados aqui na cidade do Rio de Janeiro vem mudando de cara.

Aquela espontaneidade típica dos cariocas vem sendo colocada de lado com a maciça automação imposta ao público, onde “animadores profissionais” passam o tempo inteiro gritando palavras de ordem, comandando o espetáculo como se aquelas pessoas que resolvem prestigiar o evento fossem robôs acionados por controle de voz.

E o barulho não para... Enquanto os animadores desligam seus microfones para pegar um pouco de fôlego, a música alta e frequentemente distorcida, não dá trégua para os nossos ouvidos. Não sei se as pessoas gostam realmente desse modelo ou se sou eu que estou envelhecendo. O fato é que me incomoda demais.

Nem os belos jogos de voleibol escapam desse formato infernal. Outro dia, fui ver a seleção feminina jogar no Maracanazinho e, graças ao bom desempenho da meninas, vencemos por 3 a 0. Acho que, se o adversário tivesse endurecido um pouco o jogo, eu não teria conseguido chegar ao final da partida.

Temo, sinceramente, pelo nosso futebol... A hora que resolverem fazer algo parecido no Maracanã ou Engenhão, deixo de frequentar os estádios. Vou só de pay-per-view! E sem som...

Não sei de onde “importaram” essa idéia, mas, puxando pela memória, algo que mais se assemelha são aqueles rodeios do interior paulista, narrados e animados do início ao fim. Coisa de paulista! Com todo o respeito...

Resolvi escrever sobre isso hoje, pois está rolando em Copacabana um evento de skatistas, numa arena coberta montada sobre as areias, a exemplo do futebol de praia. A pedido da minha família, na saída da praia – e apesar da minha ojeriza -, fomos dar uma espiada nas manobras radicais, narradas aos berros pelos tais animadores. Afinal, a entrada era franca. Era preciso só um pouquinho de paciência. Para minha surpresa, um segurança impediu a minha entrada por estar trajando sunga. Só era permitido o acesso, com short ou bermuda. Pensei com os meus botões: “Ué?! Qual seria o motivo? Atentado violento ao pudor?? Não estamos na praia??” Na verdade, não fiz muita questão de entender, pois não queria mesmo estar ali. Virei as costas e fui embora.

Mas o fato é que, em plena praia de Copacabana num torneiozinho de skate, me senti sendo barrado numa ópera em pleno Teatro Municipal. Deve ser coisa de paulista. Com todo o respeito...

Novo Rio Rotativo

Há alguns meses, a Prefeitura do Rio de Janeiro resolveu formar lotes de estacionamento para vendê-los a empresas privadas sob forma de concessão. Na época, lembro que somente o lote composto pelos bairros de Copacabana, Ipanema, Leblon, Gávea, Lagoa e Jardim Botânico, tiveram interesse de exploração pelo consórcio Ebel/Embrapark, formado por dois grupos: um paulista e outro espanhol.

Acompanhei a mudança pelo noticiário, com certa desconfiança, já que não não entendi muito bem a motivação em mudar algo que vinha funcionando. É óbvio que tudo passa pelo interesse financeiro antes de qualquer intenção. O discurso é polido, bonito, nos fazendo crer que buscam apenas a melhora no serviço para a população. Antes fosse...

Minha experiência como usuário, limita-se aos finais de semana de praia – no Leme – e pude observar algumas mudanças, não muito animadoras. Como todos sabem, o “alto verão carioca”, a despeito do calendário, começa em meados de outubro e se estende até abril. Nesse período, a procura pelas praias se intensifica e a busca por vagas de estacionamento na orla também. Em função disso, é meu costume chegar cedo na praia, entre 8:00 e 8:30. Até antes da mudança da operação, era o suficiente para estacionar calmamente o carro, escolher um bom lugar da areia e curtir o melhor do sol. Entre 11:00 e 12:00 é a hora de zarpar. Nesse horário, ao liberarmos a vaga, é comum vermos motoristas desesperados se estapeando para colocar o carro na brecha aberta.

Esse ano tudo mudou... a começar pelo horário de chegada: pouco antes das 8:00 as últimas vagas já são ocupadas. Observei , no trecho onde costumo parar, que muito menos carros são atendidos. Isso porque os carros são estacionados sem que os operadores orientem sobre uma distância padrão entre os carros. É comum vermos três carros parados onde caberiam cinco com folga. No cômputo geral, umas 10 vagas são perdidas num trecho de cerca de 100m. Imagine o que acontece nos vários quilômetros operados pelo consórcio.

Resultado disso é uma quantidade maior de usuários em busca de vagas, criando um verdadeiro caos do trânsito. O curioso é que, naquele horário das brigas, os novos operadores, em vez de chegar junto e organizar, preferem afastar-se e deixar a confusão rolar solta. Posso garantir que, pelo menos em outros verões naquele trecho de praia, era algo que não acontecia sob a supervisão do antigo “xerife”.

Infelizmente, nem tudo muda pra melhor... Esse verão promete!