sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Criaturas do mundo corporativo

Nesses 20 e poucos anos de experiência profissional, tenho observado o comportamento do mundo corporativo e suas criaturas.

Uma das mais características é aquela que procura transparecer, com autenticidade ou não, que é a pessoa mais motivada da empresa, sempre disposta a colaborar com suas opiniões, sugestões, idéias, até mesmo quando o assunto não lhe diz respeito. Têm sempre algo a acrescentar, mesmo que não acrescente nada. Dão a entender, o tempo todo, que trabalham por prazer e que nada é mais importante do que na empresa. Adora um desafio! Chega cedo, sai tarde e faz de tudo para que os outros fiquem sabendo. Parecem não ter vida pessoal. É o famoso “workaholic”. Relacionam-se muito bem com os outros, principalmente com aqueles que podem alavancar seu crescimento. Utilizam-se dessa habilidade, muitas vezes, para compensar alguma falta de aptidão técnica. São os motivadores! Esses vão longe.

Há, naturalmente, aqueles que são “super” em tudo. Verdadeiros deuses! Mas esses são poucos... o resto é imitação.
Por esse mundo, desfilam também os “eternos injustiçados”. Aqueles que acham que tudo e todos conspiram contra ele. Seus superiores são sempre imbecis e só chegaram lá porque “puxaram muito o saco”, coisa que ele jamais faria. Se o mundo fosse justo, eles seriam os chefes, pois são muito mais competentes que qualquer um. Não ocupam cargos superiores, pois não se relacionam bem com outras pessoas. E pra se chefe, tem que entender de gente. É assim que funciona!

Os “Múcios” também ocupam o seu espaço. Podem fazer parte dos dois grupos acima. Sua principal característica é nunca se opor a ninguém. Numa discussão com idéias diametralmente opostas, ele consegue concordar com as duas - pra não ficar “mal na fita” com ninguém. Dificilmente defende uma idéia sua, mesmo que lhe pareça a melhor.

A classe dos “invisíveis” também é grande, mas ninguém nota, é claro. Procuram se ocupar de trabalhos menos importantes, de pouco impacto, justamente pra não chamar a atenção. Andam apressados pelos corredores por dois motivos: ficar menos tempo em exposição (odeia ser notado) e para parecer sempre ocupado (vai que alguém resolve lhe dar um trabalho mais importante... afinal, nem ganha pra isso!).

Chefes e subordinados incompetentes, pessoas verdadeiramente engajadas sem querer aparecer a todo custo, enroladores, parasitas, bacanas, etc. completam esse ambiente responsável por consumir, no mínimo, 1/3 de nossas vidas.

Certamente, depois de tanto tempo transitando por aí, reconheço e consigo conviver com todos eles de forma pacífica. Apesar do cansaço...

E em que grupo me encaixo eu? Sinceramente, não sei. Sei naqueles que não me encaixo. Procuro fazer o bem. E bem! Todos temos qualidades e defeitos, igualdades e diferenças. O mais importante é ter e mostrar respeito pelo próximo, seja quem for. Nem sempre é possível, mas, no final do dia, é bom deitar a cabeça no travesseiro, olhar pra trás e saber que valeu a pena.

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